9 de ago. de 2010

Embalagens ajudam a promover o consumo consciente -Continuação

Natura é exemplo no Brasil

No Brasil, há 17 anos, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) mantém um programa de certificação ambiental, mas que ainda não teve nenhum selo certificado. Nos últimos meses, o projeto foi retomado e tem sido reformulado para atender a demanda. Segundo a associação, entre os segmentos com contrato já assinado para o processo de certificação destacam-se os de cosmético, têxtil, siderúrgico, pneus reformados, gráficas, divisórias, pisos e tetos e até o de fabricação de fraldas.

Por aqui, a Natura é a empresa de maior destaque quando o assunto é transparência com o consumidor. “A Natura trabalha em todos os pontos: informações no rótulo, certificações e estudo da pegada carbônica. Talvez ela seja a empresa brasileira que mais se aproxima do padrão ideal”, aponta a idealizadora do Unomarketing.

Rótulos e selos promovem consumo conscienteA Goóc é outra marca que também tem o cuidado de orientar e promover o consumo consciente. Com a sustentabilidade em sua essência, já que fabrica sandálias 80% à base de pneus reciclados, a marca busca destacar o cuidado com o ambiente nas embalagens. Nas caixas, os clientes encontram informações sobre o processo de produção e reutilização de materiais.

“Temos o Cadre (Certificado de Arrecadação de Resíduos), que não é estampado nas embalagens, mas é exigido na hora da retirada de resíduos de fábricas de pneus, como Michelin e Pirelli”, conta Wanderley Moreno Tracastro, CEO da Goóc, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Informações devem integrar todos os canais

Como o espaço da embalagem não é suficiente para inserir todas as informações a respeito da empresa, a Goóc criou um informativo para os consumidores que vai dentro das caixas dos calçados. Já a Do Bem disponibiliza em seu site informações sobre o estudo da Pegada Carbônica, informando o consumidor sobre a quantidade de CO² emitida desde o processo de produção até a distribuição.

“Usamos a embalagem não só para colocar o suco, mas também para interagir com o consumidor. Quando terminamos o estudo da Pegada Carbônica, no ano passado, resolvemos colocar não só no site, como também na caixinha, explicando que o material completo está disponível na internet. Tentamos integrar todos os meios de comunicação e todo espaço que temos para divulgar a mensagem de que é possível produzir produtos mais naturais”,  relata Marcos Leta, CEO da Do Bem, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Rótulos e selos promovem consumo conscienteNo momento, a Do Bem estuda a divulgação do selo Kosher em suas embalagens, conquistado no ano passado e dado pela comunidade judaica para “alimentos tratados/preparados segundo preceitos da religião judaica”. Esse critérios referem-se não só ao tipo da comida, como também à maneira de preparo e à combinação entre os alimentos de uma refeição. Para isso, um rabino acompanhou a produção dos sucos da marca e constatou que não era acrescentado nenhum componente químico aos produtos.

Consumidor e indústria em prol da sustentabilidade

A iniciativa de empresas como a Do Bem ajudam a amadurecer o mercado brasileiro de certificações. Pesquisas indicam que o consumidor brasileiro não tem o hábito de ler rótulos, por isso a importância dos símbolos. “As pessoas se atraem por ícones. Investir em imagens que representam questões sócio-ambientais é o melhor caminho para se pensar em rótulos”, acredita Paula.

Cabe às empresas apostarem em comunicação forte para começar a criar informações e utilizá-las nos rótulos de forma eficiente. É papel também dos consumidores valorizar os selos e rótulos verdes e reconhecer a importância do consumo consciente como instrumento para produzir mudanças no modo como as empresas encaram os aspectos socioambientais em seus processos e produtos. Uma iniciativa de destaque mundial neste sentido é o site Ecolabelling.org, uma espécie de termômetro sobre o que é bem avaliado e que explica os critérios de seleção para os selos verdes.

“O consumidor está um pouco mais atento aos rótulos. Antes, ele só olhava a frente da embalagem. Agora, com as campanhas das próprias empresas e a circulação de informações sobre saúde e bem-estar, o brasileiro está ‘virando para os lados’ e conhecendo as informações nutricionais. Gostaria que houvesse um movimento não só por parte dos consumidores, mas também das pessoas que estão inseridas nas indústrias, querendo mostrar para o consumidor o que realmente tem naquele produto”, aponta Leta, da Do Bem.


Por Sylvia de Sá, do Mundo do Marketing

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